Em 30/04/2012, publiquei um Artigo denominado “O
Legado K e a Desgraça do Produtor Argentino”. Naquela ocasião, o PT já havia
crescido “os olhos” sobre as Receitas provenientes da exportação de Soja
brasileira e falava-se sobre um possível estabelecimento de quotas.
O alinhamento ideológico do PT com Cristina Kirchner
é grande em vários aspectos, evidenciado pelo “modus operandi” de alguns esquemas de corrupção que se tornaram
públicos, pelas inúmeras tentativas de cerceamento da Liberdade de Imprensa e,
sobretudo, pelo agravamento das tensões sociais devido a enorme carga
tributária suportada pela Classe Média.
É inegável que o Governo do PT possui uma pauta de
longo prazo muito clara, cujo delineamento geral foi concebido no famigerado
Foro de São Paulo (evento histórico patrocinado por Lula, Fidel Castro e Hugo
Chávez) que definiu a estratégia de atuação da Esquerda Latino-americana nos
últimos 20 anos.
A razão desse Artigo não é explorar detalhes do
redesenho cultural e operacional do Comunismo na América do Sul, mas é
impossível não se apoiar em determinadas situações ocorridas nos países que
seguiram esse alinhamento para tentar definir possíveis cenários para o Brasil,
considerando que o Governo está economicamente embretado e dá sinais claros de
que buscará balizar cada vez mais as suas decisões em torno da “Cartilha”.
A
Intervenção Estatal na Agricultura Argentina
A intervenção estatal sobre a atividade agrícola na
Argentina não é um fenômeno recente. No período que antecedeu a II Guerra
Mundial, o País atravessava uma forte crise econômica, tendo se socorrido na
produção agropecuária para cobrir o déficit em conta corrente e a inflação.
De lá para cá, houve uma alternância entre aumentos e
reduções confiscatórias da Renda Agropecuária.
No Neo-Peronismo da Era Kirchner, em meio a uma das
piores recessões que o País já enfrentou, ressurgiu com força o confisco das
Receitas do Campo (principalmente da Soja) como base para o estabelecimento de
uma Política “Clientelista” muito semelhante ao que veio a ser o Bolsa Família
instituído pelo PSDB e ampliado significativamente pelo Governo Lula.
Nos últimos 10 anos, a Esquerda Argentina vem se
mantendo no Poder graças essa a arrecadação. As denominadas “Retenciones”
sobre a comercialização dos Grãos tornaram-se uma fonte de recursos tão
importante que é muito difícil que um novo Governo, por mais competente que
venha a ser, consiga abrir mão dessa Receita.
Os problemas causados ao setor agrícola não se
limitaram ao sequestro da Renda, trouxeram também enormes embaraços aos
exportadores de Cereais e a toda a Cadeia do Agronegócio Argentino, tendo
afetado de maneira crítica o balanço entre a Oferta e a Demanda a nível
internacional, o que veio a contribuir para que houvesse uma alta sustentada
dos preços nos últimos anos. Tal conjuntura favoreceu muito os produtores
brasileiros e americanos.
O
Intervencionismo à Brasileira
O modelo econômico brasileiro caminha a passos largos
para o esgotamento.
Na falta do que fazer ou por onde estender os
tentáculos do Governo sobre a Renda, aventou-se a hipótese de uma espécie de “confisco a la argentina”. O mais
curioso é que a medida foi proposta justamente por um Deputado do PSDB,
supostamente, da base oposicionista.
É de se desconfiar seriamente do Exmo. Deputado Hauly
do Paraná e das intenções que estão por trás desse descalabro.
Para entender melhor o processo é fundamental estudar
o que ocorreu e o que está acontecendo com o Agro na Argentina. Não há como dissociar
uma realidade da outra, pois qualquer afirmação contrária a essa comparação,
equivaleria a dizer que os preços do pregão de Chicago não interferem nas
negociações realizadas diariamente em qualquer região produtora de Soja.
Ao propor o estabelecimento do PIS/Cofins sobre
transações classificadas genericamente como “especulativas”, o novel Deputado
Hauly está, na realidade, buscando testar a capacidade do produtor de se
ajustar a um “estupro” tributário. A ideia é ir forçando e forçando cada vez
mais, até que a situação venha a ser considerada como “normal” ou “inevitável”.
Em seguida, poderemos ver pronunciamentos do estilo Martha Suplicy: “Relaxa e Goza”.
A tentação governamental aumenta na medida em que
crescem as pressões por soluções econômicas mais consistentes. Não se ouve falar
em cortes dos privilégios autoconcedidos, tampouco em reduzir os desperdícios
bilionários e o tamanho da máquina estatal.
Na esteira do avanço desavergonhado sobre o Bolso de
quem produz, alguns Prefeitos tem buscado majorar o Imposto Territorial Rural
visando capturar uma parte na valorização dos preços das Terras. Se esquecem
completamente de que o Solo se torna mais valioso quanto maior for a atividade
econômica exercida sobre ele e se há trabalho, o mesmo já está sendo gravado
por Impostos de vários tipos. Não se pode aceitar a sobreposição ou a cumulatividade
tributária, primeiro porque destruirá completamente a competitividade do País e
por fim porque se trataria de medida absolutamente inconstitucional.
Voltando a referencia do que já ocorre na Argentina,
o Governador da Província de Buenos Aires, sob o pretexto de custear Programas
“Sociais”, gerou enorme controvérsia com os Produtores ao decretar um aumento
significativo do Imposto sobre os Imóveis Rurais que alçou em alguns casos a
1.500%.
O PT se identifica, propaga e festeja a Ditadura
Comunista de Fidel Castro, que a sua vez, influencia diretamente no que ocorre
na Argentina, Venezuela, Bolívia, Equador e em alguns países africanos como
Angola.
Infelizmente, não estamos livres de ações
intervencionistas e estatizantes da produção agrícola. Essa hipótese está
ganhando corpo, basta verificarmos com atenção os contornos que a situação
política envolvendo o Agronegócio vem tomando nos últimos anos.
Nos parece que o momento requer um acompanhamento
criterioso da conjuntura doméstica e sobretudo dos acontecimentos nos países
vizinhos de forma que não venhamos a ser surpreendidos, já que há tempos que o
Estado de Direito no Brasil vem sendo relativizado em prol dos interesses
obscuros de Grupos ligados ao Comunismo Castrense.
Não deixemos que o Brasil se torne a Ilha Fétida do
Fidel, onde falta além de Comida e Liberdade, o necessário Papel Higiênico e Sabonete.