domingo, 22 de março de 2015

ARROZ DO MST: Dilma promove a Agricultura da Miséria (Façam as Contas)...

O evento promovido em março pelas entidades ligadas ao Movimento Sem Terra (movimento sem personalidade jurídica) em Eldorado do Sul-RS, que reuniu mais de 6.000 militantes e seguidores, mostrou o quanto a presidenta Dilma Roussef e a Esquerda em geral têm ‘‘pouco apreço pela verdade’’.
  
O discurso da mandatária: ‘‘Nós estamos vendo, aqui, hoje, que é possível desenvolver uma agricultura familiar de alta qualidade nos assentamentos. Estou falando para todo o Brasil ouvir. Essa é uma experiência que deu certo e que mostra que os assentamentos de reforma agrária representam um alto negócio para os assentados e para o país”.

Segundo informações colhidas na imprensa, o trabalho da Cootap (cooperativa que congrega 15 assentamentos no RS) reúne 522 famílias em 12 municípios. Os resultados festejados pela presidenta foram, em resumo, os seguintes:

- Produção Total: 463.467 sacas de arroz (1 saca = 50kg);
- Área Cultivada: 4.648 hectares
- Produtividade: 99,71 sacas/hectare


Sobre os dados acima, cabe uma rápida avaliação econômica:

- Preço do Arroz - 20/03/2015: R$ 35,00/saca (média do RS)
- Receita potencial: R$ 16.221.345,00.


Admitindo, apenas por amor ao debate, que a atividade agrícola tenha gerado uma margem de 25%, teríamos então um lucro bruto de R$ 4.055.336,25. Se efetivamente for verdade que 522 famílias estiveram envolvidas no processo de produção, significa dizer que cada família assentada teve em média um rendimento bruto anual de R$ 7.768,84.

Assumindo que as informações divulgadas são verdadeiras, chega-se a uma renda mensal média de R$ 647,40 por família assentada.

Considerando que o conceito atual de família envolve pelo menos um casal, o empreendimento agrícola modelo gerou R$ 323,70/mês por pessoa. Enquanto isso, o piso nacional do salário-mínimo é de R$ 788,00/mês. 

Mas, no Rio Grande do Sul, os trabalhadores não podem ganhar menos de R$ 1.006,88 mensais. É o piso regional. A meu ver, trabalhar por valores menores do que o salário-mínimo é inaceitável. Alguns poderão até afirmar que se trata de trabalho escravo.

Cabe colocar em relevo outras questões, sem entrar no mérito da ‘‘politicagem’’:

1) Notadamente, estiveram presentes ao evento ao redor de 6.000 pessoas. Não tenho motivos para não acreditar na capacidade de adesão do MST. Tamanha junção envolve um planejamento criterioso, sem falar nas despesas de transporte e alimentação. Estimando por baixo, acredito que o custo de cada participante pode ter facilmente alcançado R$ 40,00, significando um dispêndio de pelo menos R$ 240.000,00.

2) A infraestrutura colocada à disposição do evento incluiu milhares de cadeiras, um enorme toldo e sistema de sonorização. Tendo em conta a experiência de quem já participou de muitos dias-de-campo e feiras agrícolas por este Brasil, posso afirmar que, por baixo, este custo chegou a não menos do que R$ 150.000,00.

3) Pelo que se viu, a presidente saiu de Brasília especialmente para o evento, carregando vários convidados consigo. Possivelmente, outros vieram de diferentes pontos do país ou mesmo do RS, mas não acredito que tenham pagado as despesas do próprio bolso. O tempo de voo entre Brasília e Porto Alegre, em avião de carreira, é de aproximadamente 2h30min. Conversei com um piloto de Air-Bus A319 (o mesmo avião que serve à presidenta), que me comentou que o custo/hora/voo pode atingir US$ 12.000,00. Considerando que são necessárias cinco horas (ida e volta), a presidenta teria gasto ao redor de R$ 200.000,00, apenas para discursar e fingir que dirigiu uma colheitadeira.

4) Não tenho como estimar os gastos com o helicóptero e nem com as centenas de veículos públicos que deram cobertura logística ao evento do MST, transportando, inclusive, o ‘‘chefe do exército do Lula’’ -- João Pedro Stédile.

Os dados acima demonstram tacitamente como os recursos públicos são desperdiçados, sem qualquer pudor, no Brasil.

A estrutura de armazenagem e secagem dos grãos foi financiada pelo BNDES durante a gestão de Tarso Genro no RS.

Este financiamento foi concedido a ‘‘fundo perdido’’ para o MST? 

Como pode uma entidade sem personalidade jurídica obter um financiamento federal? Considerando o baixíssimo ingresso de cada Assentado, como é que o financiamento será pago?


Agora, está explicado porque Stédile esbravejou contra a classe média reacionária que protestou contra o governo em 15 de março. 

Até de Santa se referiu à Dilma. Enquanto isso, a classe média e o agronegócio, que sustentam este país, seguem demonizados em discursos, eventos e propagandas realizadas com o dinheiro público.

Eduardo Lima Porto