Ultimamente,
verifica-se uma alternância de conduta por parte de algumas importantes
Lideranças Rurais no Brasil.
Tais
comportamentos revelam-se contraditórios e trazem enorme intranquilidade para os
“liderados” mais lúcidos , assim como para o Mercado em geral.
É
chegada a hora do Agronegócio definir o caminho para o seu Futuro, consciente
de que não existe duas estradas e com a certeza de que não há um atalho através
do meio.
Se
buscamos um arcabouço institucional fundado no respeito à propriedade privada,
o Setor Agropecuário não pode de
maneira alguma buscar socorro no Governo quando o cenário dos preços se
torna desfavorável.
É
constante a aparição de Líderes Rurais protestando pelo estabelecimento de “Preços Mínimos” e “Prêmios para o Escoamento da Produção”. Clama-se a todo momento por
subsídios governamentais para que o setor continue produzindo Alimentos, ao
mesmo tempo em que se defende fervorosamente o Direito à Propriedade.
Nada
mais contraditório!
Antes
que alguém se confunda e me chame de Comunista, declaro publicamente que sou um Liberal Convicto em
matéria econômica.
Como
Liberal, defendo a tese de que o Lucro é o motor da prosperidade. Quando é
fruto do trabalho honesto, trata-se de algo absolutamente Sagrado.
Por
essa razão, entendo que algumas das nossas Lideranças estão acometidas de uma dicotomia
existencial que é extremamente perigosa.
Aqueles
que reclamam pela ajuda do Governo na menor adversidade, buscam, na verdade, socializar o prejuízo das suas
atividades e na essência colocam a descoberto a sua própria
incompetência.
No
ano passado, uma expoente liderança questionou publicamente: “E
agora o que fazemos com tanto Milho?” Na ocasião fui muito criticado
quando perguntei a alguns Agricultores se o Governo havia lhes obrigado a
plantar.
Quem
pede ajuda para escoar o excesso de produção para não ter que amargar
prejuízos, está ao mesmo tempo pavimentando o caminho para que o Governo lhes
diga o que fazer, quanto plantar e por qual preço vender. Ou não é verdade?
Somos
responsáveis pelas nossas decisões.
É muito
fácil pregar o Livre Mercado quando os preços estão ascendentes. Difícil é
administrar situações negativas quando o cenário se inverte, mas isso é parte
do jogo e temos que aprender a jogar honestamente.
Como
Liberal, sinto nojo daqueles que correm para baixo da “Aba da Mamãe Estado”
quando o Mercado ou o Clima não lhes é favorável.
Se
não quisermos que o Governo confisque boa parte dos nossos rendimentos, a
exemplo do que ocorre na Argentina, deixemos, pois, de reclamar por subsídios
através de “Preços Mínimos.”
O
Preço Mínimo literalmente se equivale a um Imposto.
Trata-se
de um Imposto medonho que visa cobrir um prejuízo setorial, cuja conta se
transfere para a Coletividade. A quem discorda desse argumento, pergunto:
Alguém já viu alguma liderança do Setor oferecer desconto para a Sociedade
quando os preços disparam no mercado internacional?
Se
não quisermos ver legitimado um Modelo Intervencionista Cubano na Agricultura,
temos que deixar de requerer a proteção do Estado. Ao contrário, temos que
exigir que o Estado não atrapalhe o nosso trabalho, pois é plenamente
justificável afirmar que o sustento de boa parte da máquina publica vem dos
Impostos arrecadados na produção.
A
população urbana, em geral, desconhece completamente a realidade do setor
rural.
Em
parte, essa ignorância generalizada tem origem na nossa própria incompetência para
difundir concretamente o que fazemos e de que forma contribuímos para o
desenvolvimento do País.
Os
Agricultores Profissionais e Empresariais, sejam eles pequenos, médios ou
grandes, não são Pobres Coitados! Não estão obrigados a seguir na atividade por
imposição legal ou divina.
Ao
invés de buscar subsídios ou incentivos à produção que lesam os cofres
públicos, mais correto seria lutar pela eliminação das muitas distorções que
afetam seriamente o Agronegócio brasileiro.
Queremos
uma Ditadura
Comunista do Estilo Bolivariano, que nos determine o que produzir, por quanto
e a quem vender? Ou buscamos um Estado Democrático e de Direito,
onde seja legítimo que as pessoas prosperem ou quebrem de acordo com as suas
competências e capacidades individuais?
Tão
certo quanto o famoso axioma da Física que determina que dois corpos não ocupam
o mesmo espaço”, não é possível transitar entre polos opostos ou ter dois pesos
e duas medidas.
Independente
de qual caminho que venha a ser escolhido, importante sabermos que iremos
enfrentar buracos e outras dificuldades na viagem.
Deixo
essa humilde reflexão contributiva.
Eduardo Lima Porto